Encerramento das Demonstrações Contábeis de 2025: Pontos-Chave para a Transição da Reforma Tributária

Danila Maria Bernardi

Sócio BPO

O fechamento do exercício social é um dos momentos mais críticos para empresas e profissionais da contabilidade. Em 2025, além das rotinas tradicionais, o processo ganhou complexidade devido à integração crescente dos sistemas da Receita Federal e à preparação para a Reforma Tributária.

O encerramento deixou de ser apenas uma obrigação burocrática e passou a ser uma oportunidade estratégica para avaliar indicadores, corrigir rumos e fortalecer a governança corporativa.

Ademais, é um ano em que a fidelidade dos números da contabilidade pode ser determinante para as estratégias tributárias para os próximos anos, pois 2026, será um ano em que as informações serão essenciais para o correto direcionamento das empresas.

As análises sobre manter o regime tributário atual ou migrar para um novo regime será a chave do ano de 2026 e as demonstrações contábeis são repletas de informações para aludidas análises. Vejamos no quadro a seguir o que cada Demonstrativo pode contribuir com os gestores.

DemonstraçãoO que mostraPrincipais análises possíveis
Balanço Patrimonial (BP)Posição financeira em 31/12Liquidez, endividamento, estrutura de capital, equilíbrio entre ativos e passivos
DRE (Resultado do Exercício)Receitas, custos e despesas do anoLucro líquido, margens operacionais, eficiência da gestão, áreas de maior gasto ou rentabilidade
DFC (Fluxos de Caixa)Entradas e saídas de caixa por atividade (operacional, investimento, financiamento)Capacidade de geração de caixa, sustentabilidade das operações, dependência de financiamentos
DMPL (Mutações do Patrimônio Líquido)Variações no patrimônio líquido (reservas, dividendos, ajustes)Política de distribuição de resultados, retenção de lucros, evolução do capital próprio
DVA (Valor Adicionado)Distribuição da riqueza gerada pela empresaImpacto social e econômico, contribuição para empregados, governo, acionistas e reinvestimento
Notas ExplicativasCritérios, políticas contábeis e detalhes adicionaisTransparência, contingências, eventos subsequentes, credibilidade das informações

Neste prisma, é de suma importância a observância de boas práticas para o encerramento do exercício, dentre as quais podemos destacar:

  • > Conciliação bancária completa;
  • > Inventário físico e contábil alinhado, evitando divergências de estoque;
  • > Revisão de contratos e receitas diferidas, garantindo correta apropriação;
  • > Provisões fiscais e trabalhistas: férias, 13º salário e encargos sociais devem ser corretamente provisionados e registrados;
  • > Automação e digitalização: uso de ferramentas que permitem fechamento contínuo ao longo do ano, reduzindo acúmulo de ajustes em dezembro;
  • > Transparência e governança: notas explicativas detalhadas e consistência entre áreas contábil, fiscal e trabalhista fortalecem a credibilidade da empresa; e
  • > Integração de obrigações acessórias: SPED Contábil, DCTFWeb, eSocial e EFD-Reinf estão cada vez mais cruzados. Erros de classificação ou divergências de valores são facilmente detectados.

Não obstante, há alguns pontos-chave que devem ser observados para que haja uma transição tributária mais tranquila, sem atropelos e decisões equivocadas.

Elencamos abaixo, alguns destes pontos:

  • > Reclassificação de receitas e despesas: empresas precisam revisar seus planos de contas e critérios de reconhecimento, já que a base de cálculo dos novos tributos será diferente da atual.
  • > Adequação de sistemas e ERPs: o cruzamento de dados entre contabilidade e fiscal será ainda mais rigoroso. O encerramento de 2025 deve servir como “teste de consistência” para identificar falhas antes da transição;
  • > Gestão de créditos tributários: créditos acumulados de PIS/Cofins e ICMS precisam ser corretamente registrados e avaliados, pois haverá regras específicas de aproveitamento ou extinção na migração para IBS/CBS.
  • > Impacto nos indicadores financeiros: margens de lucro, carga tributária efetiva e fluxo de caixa podem sofrer alterações significativas. O fechamento de 2025 deve trazer simulações comparativas para apoiar decisões estratégicas em 2026.

Em suma, o encerramento de 2025 é mais do que um fechamento contábil — é um marco de transição. Empresas que tratam esse processo apenas como obrigação legal correm o risco de entrar em 2026 despreparadas para a nova realidade fiscal. Já aquelas que aproveitam o momento para revisar processos, ajustar controles e simular impactos estarão em posição privilegiada para enfrentar a mudança com segurança e competitividade.

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