A Importância das Demonstrações Contábeis como Ferramenta para a Gestão Empresarial

Por Danila Maria Bernardi Aranon
Sócia Diretora BPO
Athros Auditoria e Consultoria

 

As Demonstrações Contábeis são instrumentos de informação tanto para o usuário interno (sócios, administradores, gestores da empresa) como para usuários externos (bancos, investidores, fornecedores, clientes).

São relatórios ricos em informações históricas e pontuais da empresa, e, através de referidas demonstrações, pode-se extrair inúmeras análises e proporcionar tomadas de decisões assertivas.

Quando nos referimos a Demonstrações Contábeis (obrigatória ou facultativa), tratamos de:

  • Balanço Patrimonial (BP);
  • Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
  • Demonstração do Resultado Abrangente (DRA);
  • Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL);
  • Demonstrativo do Fluxo de Caixa(DFC):
  • Demonstração do Valor Adicionado (DVA)
  • Notas Explicativas.

Infelizmente, ainda prevalece uma cultura de que as Demonstrações Contábeis são meramente para cumprir “tabela” e nem sempre se dá a devida importância, tanto para a construção destas demonstrações como para as análises que podemos extrair delas.

Das demonstrações supracitadas, o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício são as mais populares, por serem obrigatórias para todas as empresas, e que por si só nos trazem muitas informações, pois são intuitivas.

Embasados nestes relatórios abordaremos situações em que as demonstrações são de suma importância para a gestão empresarial.

O Balanço Patrimonial tem por finalidade apresentar a posição financeira e patrimonial da empresa em um determinado período, ou seja, é uma posição fotográfica daquele momento da empresa.

Ele é composto por: i) Ativo, que demonstra todos os bens e direitos que a empresa possui; ii) Passivo, cujo objetivo é informar todas as obrigações naquele momento e o iii) Patrimônio Líquido, o qual demonstra o valor líquido da empresa, ou seja, quanto os sócios investiram e qual o seu retorno.

O Ativo e Passivo são classificados em curto e longo prazo, o que demonstra o que a empresa teria de imediato a ser usufruído, tudo o que é realizável ou devido no prazo de 01 ano (curto prazo) e o montante de bens, direitos e obrigações a longo prazo, ou seja, acima do período descrito.

Já a Demonstração do Resultado do Exercício tem por finalidade apresentar, com os detalhamentos necessários, as receitas, custos, despesas, ganhos e perdas acumuladas, definindo claramente o lucro ou prejuízo de determinado período.

Para que as Demonstrações Contábeis sejam precisas, é de extrema importância que sua elaboração, desde a origem, qual seja, os lançamentos contábeis de todas as operações realizadas pela empresa, seja realizada com conhecimento, cautela, clareza e embasada nas normas contábeis vigentes, para que os números apresentados sejam fidedignos e que possam embasar diversas tomadas de decisões e ser uma poderosa ferramenta para os gestores da empresa.

Adentrando aos fatos, podemos citar como um dos pontos cruciais, a opção pela sistemática de tributação da empresa.

Isto porque a empresa precisa optar em janeiro de cada ano-calendário pela sistemática de tributação que adotará naquele momento e que será irrevogável para todo o ano-calendário.

Resumidamente, sem nos apegarmos aos detalhes da possibilidade de opção de cada uma, temos o Simples, Lucro Presumido ou o Lucro Real.

O lucro presumido tem como base a determinação do lucro que é feita pelas autoridades competentes de acordo com a atividade da empresa, como por exemplo, prestadoras de serviços determinam o lucro com a aplicação da alíquota de 32% sobre o faturamento obtido. Assim, de forma ampla e genérica, podemos concluir que, se a empresa possuir uma margem maior do que a presumida, seria vantagem a opção pelo lucro presumido e aludida margem de lucro é facilmente identificada através da Demonstração de Resultado.

Por sua vez, o lucro real, como o próprio nome já diz, parte do lucro/prejuízo contábil efetivo para a determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Para esta análise cria-se uma projeção do resultado do exercício, que pode ser embasada no histórico de receitas, custos e despesas das demonstrações de resultado. Se tais informações não estiverem muito bem elaboradas, com a aplicação de todas as normas contábeis vigentes, podem gerar uma falsa expectativa de lucro ou prejuízo e causar impactos negativos no custo tributário por esta opção.

É importante mencionar que não estamos tratando de todos os aspectos que devem ser considerados para a definição da sistemática de tributação, é apenas uma análise ampla de como as demonstrações contábeis são importantes como fontes de informação.

Outro fator determinante e muito presente na vida do empresário diante do cenário pandêmico em que nos encontramos é a importância das demonstrações contábeis para proporcionar e facilitar a captação de recursos financeiros no mercado.

Temos visto muitos relatos de empresários com dificuldades para a obtenção de recursos nos programas do governo, como o Pronampe, por exemplo. Esta dificuldade certamente está vinculada a não comprovação de liquidez para a quitação futura deste empréstimo.

As demonstrações contábeis são fundamentais para as instituições financeiras que avaliam, através das mesmas, a liquidez e o grau de endividamento da empresa que busca captação de recursos.

A apresentação de demonstrações concisas agiliza e facilita o acesso a referidos recursos, não apenas junto às instituições financeiras, mas para a captação de investimentos de terceiros para a empresa.

Qualquer investidor analisará os dados contábeis, fiscais, trabalhistas e previdenciários antes de aportar capital ou recursos em determinada companhia.

Informações conciliadas, confiáveis e a apresentação de relatórios analíticos financeiros, que originaram as demonstrações contábeis, certamente representarão um bom percentual no sucesso do negócio.

Não obstante, o balanço patrimonial e a demonstração de resultado nos propiciam as análises verticais, horizontais e de índices econômicos e financeiros da empresa, que são informações de extrema valia para a gestão da companhia.

A análise vertical tem por objetivo demonstrar qual é a proporção de cada bem,  direito e obrigação no ativo e passivo da empresa, ou seja, apresenta, por exemplo, qual o percentual de estoque que compõe o Ativo, qual a representatividade do imobilizado da empresa, o quanto representam as dívidas tributárias no total do passivo, dentre outros.

A análise horizontal nos traz à luz uma comparação de períodos, ou seja, quanto a empresa evoluiu de um determinado período até hoje, como por exemplo, o aumento ou a diminuição nas vendas, folha de pagamento, se o custo acompanhou proporcionalmente as receitas, se a empresa aumentou ou diminuiu seu endividamento, e assim por diante.

Por sua vez, a análise dos indicadores econômicos e financeiros nos proporciona medir o desempenho da empresa no que se refere a sua liquidez, ao seu ciclo operacional, ao seu grau de endividamento, a sua rentabilidade e atividade, possibilitando a execução orçamentária, financeira e patrimonial.

Podemos citar como exemplo a análise do Prazo Médio de Renovação de Estoque (PMRE) que é calculada pela seguinte fórmula: PMRE = ((Estoque / Custo Mercadoria Vendida) x 360). O resultado dessa conta representará os dias necessários para a renovação do estoque, assim, a empresa pode determinar se o prazo condiz com a realidade de mercado, se está com rotatividade baixa e se eventualmente pode ter uma redução com custo de armazenagem, por exemplo, se comprar menos para girar o estoque mais rápido.

Como podemos observar, as Demonstrações Contábeis nos proporcionam informações valiosas para a gestão e tomada de decisões, assim, é de suma importância que sirvam de fato como uma ferramenta útil e deixem de ser apenas obrigações a serem cumpridas perante os órgãos competentes.

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